"Ninguém nasce mulher, torna-se mulher"
Simone de Beauvoir
São muitos os fatores que atravessam a nossa formação enquanto mulher, esta frase da célebre escritora Simone de Beauvoir, pretende nos trazer à consciência o quanto podemos ao longo da vida e das gerações ir modificando o que nos define. E o que define o nosso sexo? As características físicas e emocionais? A forma de andar ou as roupas que vestimos? A possibilidade de gestar? Nossas capacidades? Tudo isso mas não somente isso!!
O que nos torna mulher é sobretudo, um conjunto de identificações as quais nós todos, mulheres e homens, somos responsáveis por desenvolver. Ao longo da história a mulher foi vista como frágil e capaz de realizar somente algumas atividades mas, felizmente conseguimos reverter esta ideia e hoje, apesar do muito ainda a se conquistar, já ocupamos muitos lugares antes vistos como impossíveis. Esta tomada de consciência é fundamental para perceber onde estamos e ir para onde queremos estar.
A mulher é uma gama de possibilidades, definidas pelos fatores que atravessam sua vida. E são diversos estes fatores. No continente africano por exemplo, a sociedade é eminentemente Matriarcal ou seja, as mulheres têm um papel de liderança nas decisões da família, diferente da sociedade portuguesa, outra que influenciou o modelo brasileiro.
A Interseccionalidade é um conceito recente que fala de diversos fatores que se cruzam na formação da nossa identidade. Tais fatores são por exemplo a raça, a origem, a condição social, opção sexual e o sexo da certidão de nascimento. Para a mulher +55 a interseccionalidade ainda adiciona um outro fator, a idade. Ouvi outro dia uma mulher dizendo "a idade não me permite" quando perguntada porque não pintava o cabelo de uma cor diferente do padrão.
Sim, o padrão, este ser violento que nos atravessa diariamente e nos lembra que "tem que" agir de um determinado jeito. Ele pode ser cruel, pode lhe impedir de fazer algo que vai te deixar muito feliz, que vai te fazer um bem enorme. Para nós mulheres, a sensação é de que este "ser" é ainda mais perverso. Mas vemos luz no fim e no início do túnel!!
A luz já brilha forte, pois o comportamento da mulher ja vem se modificando ao longo da história e, felizmente saímos daquele papel estereotipado e carregado de exigências e "tem quê". Hoje já vemos muito mais mulheres ocupando seu lugar de direito, ou seja, aquele que ela quiser e não mais por obrigação. Não "temos que" ser mais nada, casar-se ou não, ser mãe ou não, trabalhar fora ou em casa, vestir o que tiver vontade, ir à academia ou não, tingir o cabelo ou não, fazer cirurgias ou não!!!
Gilberto Gil com toda sua sabedoria, canta numa belíssima canção "minha porção mulher que até então se resguardara, é a porção melhor que trago em mim agora, é o que me faz viver". De verdade todos carregamos uma porção do sexo oposto e se soubermos acolher isto e usar à nosso favor, faremos uma vida e uma sociedade muito mais agradável!!
Vamos fazer uso incansável também da SORORIDADE, um conceito belíssimo, que nada mais é do que dar a mão uma à outra nesta caminhada. É eliminar dos seus hábitos o julgamento de uma outra mulher. É não cair na armadilha de repetir o que nos foi ensinado e hoje fazemos sem nos dar conta de que fazemos, inferiorizar a mulher!!! Mulheres, valorizem-se!! Homens venham conosco!!
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