Rebeca e Fadinha/Rayssa Leal, com o ouro olímpico, estão nos enchendo o peito de orgulho! Emoção que também nos proporcionaram Hortência, Paula, Ana Moser, Jaqueline Silva, Sandra Pires, Valeskinha, Daiana dos Santos. E que sentiu Aída dos Santos, primeira mulher a competir no atletismo pelo Brasil, sem receber as condições mínimas para participar.
Sua medalha ela incrustou no peito no dia-a-dia de menina pobre, sofrendo maus tratos paternos e dividindo o trabalho doméstico infantil com a escola e os treinos, dedicando-se a ambos com verdadeira obstinação. Seu desempenho extraordinário a levou ao atletismo, primeiro no Fluminense, depois no Vasco e Botafogo, chegando, por insistência e persistência pessoal, a Tóquio-1964. Sem uniforme, sem técnico, sem calçado apropriado, com sapatilha emprestada, foi a primeira atleta brasileira a participar de uma final olímpica, mantendo, durante 32 anos, o título de melhor atleta brasileira em olimpíadas.
Também na educação venceu as barreiras visíveis e invisíveis e foi tri em graduações: Geografia, Educação Física e Pedagogia. E, além de atuar como professora na UFF, criou uma ONG para apoiar meninas no vôlei e atletismo. Sua filha Valeskinha foi campeã olímpica de vôlei em 2008.
Em época de reparação e ressignificação, uma empresa de uniformes presenteou Aída, hoje com 84 anos, com o uniforme olímpico de 1964, criando mais 20 jogos para venda e destinação dos recursos a 13 organizações não-governamentais.
São histórias de vida como a de Aída que nos inspiram a seguir trabalhando para que mais e mais pessoas não precisem repetir suas destemidas palavras: “Meu lugar é na cozinha sim, na varanda, no quarto, na sala, mas também na quadra de esporte.”
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