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No período de 02 a 08 do mês de agosto celebramos a Semana da Cultura Nordestina, época muito especial para nós nordestinos! Sua origem se dá a partir da data de falecimento de Luiz Gonzaga do Nascimento – o Rei do Baião, que com sua música, figurino e performances, fez-se um porta-voz da cultura do Nordeste! Desde 1989, este período simboliza uma homenagem ao Mestre Sanfoneiro e a celebração entre o pessoal da região, enaltecendo a riqueza cultural da região Nordeste, marcada pela diversidade de expressões artísticas e culturais como: dança, música, gastronomia, artes plásticas, teatro, cinema, dentre outras linguagens. O Inventividade também quer celebrar este período, trazendo alguns de tantos artistas que floresce em nossa Região!

Cada dia teremos um representante homenageado se atente!

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Forró
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Forró

O forró é o ritmo que predomina nos festejos juninos do Nordeste. Nas celebrações principalmente a São João e São Pedro o forró esta presente nos festejos das capitais e das cidades do interior. Dentre as cidades em temos grande destaque então os festejos de Caruaru em Pernambuco, Campina Grande na Paraíba e Santo Antônio de Jesus, na Bahia.


O forró é um estilo musical tipicamente nordestino que se espalhou pelo Brasil e pelo mundo. Segundo Câmara Cascudo, historiador, o nome forró deriva de “forrobodó”, uma outra possibilidade de origem do nome forró, que não tem comprovação seria do inglês “for all” pois britânicos estiveram em Pernambuco para a construção da ferrovia Great Westerm,e estes britânicos faziam festas “for all” ou para todos.


O Forró é um gênero musical que abrange outros gêneros como o baião, xote, xaxado. Originalmente utiliza os instrumentos: sanfona, triângulo e zambumba. Como o passar dos anos algumas adaptações aconteceram como a introdução de instrumentos como guitarra e bataria e formaram o que chamamos de forró eletrônico. Outra derivação do forró é o universitário, que surgiu no início dos anos 2000 com algumas adaptações instrumentais.
Grandes nomes representam este estilo musical, mas sem dúvidas Luiz Gonzaga, o nosso Gonzagão é um personagem inconteste desta história.

Luiz Gonzaga do Nascimento, Exu, 13 de dezembro de 1912 – Recife, 2 de agosto de 1989).

Foi um grande artista brasileiro! Compositor, cantor e performer, que com seu figurino e modo de expressar-se ficou conhecido como o Rei do Baião. Luiz Gonzaga, foi conceituado uma das mais completas, importantes e criativas personalidades da música popular brasileira. Através de suas músicas, não só denunciava, a penúnia e as injustiças vivenciadas no Sertão Nordestino, como também exaltava esta cultura nordestina pelos quatro cantos do país, nos deixando um legado rico e profundo com uma obra que se reflete  em suas criações como o baião, o xaxado, o xote e o forró pé de serra. 

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Imagem divulgação

Algumas de suas composições:

As canções Asa Branca (1947), Seridó (1949), Juazeiro (1948), Forró de Mané Vito (1950) e Baião de Dois (1950).

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Foto: Hotel fazendo Pai Mateus

Elba Maria Nunes Ramalho, paraibana, é considerada expoente da segunda geração da música tipicamente nordestina, mantendo a tradição do forró e baião de Luiz Gonzaga.

Filha de músico, participou pela primeira vez de uma apresentação no palco em 1966, integrando o Coral da Fundação Artística e Cultural Manuel Bandeira, com "Evocação do Recife". Sua estreia musical se deu em 1968, tocando bateria no conjunto feminino “As Brasas”.

No início da década de 1970 se mudou para Recife e, em 1974, para o Rio de Janeiro, buscando maior destaque na carreira. Participou da peça Viva o Cordão Encarnado, em parceria com o grupo teatral Chegança, de Luís Mendonça, sendo aclamada pela crítica por conta da hiperatividade no palco, o que se tornaria sua principal característica. Segue como atriz, sempre representando papéis ligados à música, com destaque para o filme Morte e Vida Severina e a peça Ópera do Malandro, onde canta, com Marieta Severo, a música O Meu Amor, que se tornaria grande sucesso.

Possui vastas discografia e filmografia, da qual destacamos aqui os ábuns O Grande Encontro 1, 2 e 3; Cirandeira; Elba Canta Luiz; Elba Ramalho & Dominguinhos: Baião de Dois e São João Carioca (DVD).

É bicampeã do prêmio Grammy Latino, pelos discos: Qual o Assunto Que mais lhe Interessa?, lançado em 2007 e Balaio de Amor, lançado em maio de 2009, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras - Regional e Tropical.

Nascida em 1951, a artista revelou em entrevistas que desde 1990 faz exercícios físicos diariamente e que é vegetariana e praticante de ioga e meditação, atribuindo a estas práticas sua alegria de viver, equilíbrio e beleza. 

Na tradicional festa de São João de Campina Grande, a presença de Elba Ramalho é aguardada como o show mais esperado.

Capoeira

03 de agosto - Dia do Capoeirista

 

Hoje vamos homenagear o dia do Capoeirista. Capoeirista é a pessoa que pratica capoeira, um estilo de dança e luta que é originalmente típica da região Nordeste do país, em especial na Bahia. A escolha por este dia, se reflete na Lei nº 4.649 de 1985, do governo de São Paulo, que instituiu oficialmente esta data, como celebração a todos os capoeiristas. 

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A Capoeira é uma expressão cultural brasileira que se estrutura a partir da dança, luta, artes marciais e música. É uma forma de expressão das raízes africanas que nasceu como um meio de luta e resistência, na época da escravidão no Brasil. A história aponta que cerca de 3 a 5 milhões de africanos foram aprisionados e trazidos para o Brasil, sendo forçados a trabalhar nas áreas da agricultura, mineração e com serviços 

Imagem: Play - Capoeira Angola

domésticos. Para se defender dos golpes dos capatazes, os povos cativos usavam de movimentos rápidos para se desviar das chicotadas e aplicar, com os pés, pancadas no “adversário”. Por se parecer com uma luta e nessa época, os senhores de engenho proibirem as pessoas escravizadas de praticar qualquer tipo de luta, estas, disfarçavam os movimentos de combate, com música e dança.

O fato de a cultura africana ter como característica a oralidade para transmissão de sua história, por muitas gerações, não existe ao certo a origem do termo capoeira. Existem duas indicações mais prováveis: 

Uma remete ao idioma tupi. “Ka’a” significa mata e puêra significa o que foi. Segundo consta, quando os povos escravizados escapavam de seus cativeiros, por muitas vezes se ocultavam nas matas rasteiras, de agricultura indígena. A outra explicação,provém de um cesto denominado de capoeira onde os povos escravizados carregavam as mercadorias para os centros

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Foto: acervo Iphan

comerciais da época. Segundo alguns historiadores, neste percurso, praticavam a combinação de luta e dança, que acabou sendo chamada pelo nome do cesto - Capoeira. O Berimbau é o principal instrumento utilizado nas rodas de capoeira.

Existem muitos estilos de capoeira, contudo, são dois os mais conhecidos: Capoeira Angola: Segundo pesquisas, o nome vem do porto de Angola, principal ponto de embarque dos africanos escravizados. Trata-se de estilo mais lento, com movimentos mais sutis e praticados mais próximo ao solo. O Mestre Pastinha é o mais famoso da capoeira angola. Fundador do extinto Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, em Salvador, Bahia.

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Capoeira Regional: Este estilo, tem o nome original de “luta regional baiana” e foi criado pelo Mestre Bimba. A capoeira regional tem componentes das artes marciais nos seus movimentos. É um jogo mais rápido, cheio de fundamentos próprios e sequencias de aprendizado, a famosa “sequência de ensino”, criada pelo Mestre

Foto: Freepik

Aproveitamos para apresentar um projeto do Mestre Geraldinho que criou a Gingoterapia - Capoeira adaptado para a melhor idade. Sensacional!! 

https://m.facebook.com/gingoterapia/

Mestre Curió – O menino Jaime Martins dos Santos, nasceu em 23 de janeiro de 1937, em Candeias e vem de uma família de capoeiristas: dona Maria Bispo (Pequena) e José Martins dos Santos (Malvadeza), o Martim da Pemba, e neto de capoeirista Pedro Virício (Curió). Cresceu em Santo Amaro e começou a aprender capoeira com seu pai e avô. Discípulo de Mestre Pastinha, sua historicidade é marcada pela luta em manter viva e fortalecer a Capoeira Angola, tendo participação ativa nos movimentos e eventos relacionados, como: Frede Abreu chamado 1° Seminario de Capoeira e festival de Ritmos de Capoeira com M Cobrinha Verde, M Gigante, M João Grande e outros; A Velha Guarda em Fortaleza com M. Waldemar e M Boca Rica, Visita a Floripa, com M Bobó e M João Pequeno, dentre outros.

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Foto IRDEB

Gravou seu CD A voz viva da capoeira Angola em México e Também foi condecorado com a Medalha Zumbi dos Palmares.

No 7 de janeiro de 1982, fundou a Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos (ECAIG), onde continua ensinando no forte de capoeira em Santo Antônio Além de Carmo, Salvador -  BA.

Frevo

Frevo

O Frevo é uma dança folclórica, típica da Região Nordeste do Brasil, tendo destaque no carnaval de Recife – Pernambuco.

A Origem histórica do frevo, segundo pesquisas, se dá entre o fim do século XIX e o início do século XX - em Recife, resultante da disputa entre os povos escravizados, que tinham se tornado livres e as bandas militares. O contexto em que essa manifestação cultural nasceu, era semelhantemente frenético em termos históricos, políticos e sociais a exemplo: O pós-abolicionismo e a emergência de uma nova classe operária.

“A expressão frevo nasce como uma corruptela do verbo ferver (frever)” - o significado é o mesmo de fervura, ou

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Foto IPHAN

seja, agitação, rebuliço. Traz como características, a música e a dança com um ritmo muito acelerado e frenético; a música, tocada por instrumentos de sopro (fanfarra), e a dança acompanhada por movimentos acrobáticos, elementos de capoeira e outras danças folclóricas, figurinos coloridos e utilização de pequenas sombrinhas – estas auxiliam na coreografia ajudando os dançarinos a obter equilíbrio ao executar os passos acrobáticos. Além disso, trazem um colorido especial à dança. Embora seja uma dança que arrasta multidões, tem uma complexidade, com passos complicados, muita improvisação, que misturam rodopios, gingados, passos miúdos, malabarismos, existindo mais de cem passos conhecidos, sendo os mais famosos: Dobradiça, Fogareiro, Ferrolho, Locomotiva, Tesoura, Mola Capoeira, Parafuso, entre outros.

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Ao longo da história, o frevo teve reconhecimentos como: Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2007 e em 2012, o frevo foi incluído na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (Unesco).

Foto IPHAN

Um lugar para quem quer saber tudo sobre frevo:

Paço do Frevo é um centro de referência de ações, projetos e atividades de pesquisa, documentação e difusão da dança e música do frevo, com o objetivo de promover sua prática para as gerações vindouras. 

Quer saber mais¿ O Paço do Frevo, fica localizado na Praça do Arsenal da Marinha, no bairro do Recife- PE e também online: https://www.pacodofrevo.org.br/

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Foto IPHAN

Trazemos como representante do Frevo, o talentosíssimo e artista multimídia Alceu Valença. Nascido em São Bento do Una (PE), quarto filho de Décio e Adelma. Criou e apurou sua musicalidade, através do rádio, da feira e dos saraus promovidos por seu avô na fazenda Riachão. Suas referências se baseiam no cordel, no circo e na canção brasileira, conexões que se aprimoraram em suas caminhadas por Garanhuns, Recife e Olinda. O Artista foi revelado nos Festivais realizados na década de 70, perante grandes plateias, o cantor e compositor seguiu em frente, preservando sua essência sertaneja, de mamulengo brincante e domador de palcos. Alceu Valença é muitos em um: poeta, regente do carnaval, diretor de cinema, entre outras atividades que o apaixonam. Conhecer sua obra, possibilita os primeiros passos para uma tentativa de desvendar os tantos mundos.

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Foto Youtube

A relação de Alceu Valença com o carnaval:

“... O Carnaval é uma das referências da minha música. Tudo meu é pessoal, porque é vivenciado. Tenho o Nordeste profundo, o sertão profundo.... Quando fui para o Recife, morei na Rua dos Palmares, onde, durante o carnaval, passavam todas as manifestações: Frevo de canção, de bloco, de orquestra; afoxé; ciranda; maracatu rural e baque virado. Passo os dias de Carnaval em Pernambuco: Olinda e cidades próximas... A diversidade do carnaval pernambucano se fundiu

à minha personalidade, que também é assim. ”

Destacando ainda que o músico, em 1992, criou o Bloco “Bicho Maluco Beleza” que homenageia personalidades, com o título de “Cidadão Maluco Beleza”, dentre elas, Naná Vasconcelos e Moraes Moreira. O Bloco ganhou fama através da música cantada pelo próprio Alceu Valença.

Culinária

Culinária Nordestina

A região Nordeste do Brasil é uma das mais ricas em cultura e belezas naturais e com a gastronomia não poderia ser diferente!!! A nossa culinária é riquíssima e teve sua origem na realidade sócio-cultural e nas misturas que construiu o Brasil atual. Muitos pratos deliciosos como a feijoada foram criados à partir da necessidade dos povos menos abastados que misturavam as sobras da comida da "casa grande" Com influência Indígena, Portuguesa e sobretudo Africana a culinária nordestina oferece uma combinação de sabores única no mundo!!!! Tapioca, acarajé, vatapá, frutos do mar, moqueca de peixe (Hum!!! Meu favorito!!!), aipim ou macaxeira, cuscuz com ovo ou carne seca, cocada, arroz

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Feijoada do mar - Facebook

doce, pamonha, bolos diversos. São tantos os exemplos que não será possível falar de todos então escolhemos um prato para homenagear cada uma das nove nações que compõem o Nordeste Brasileiro!

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Baião de Dois - Foto Stefane Kyiuna

Alagoas - Sururu ao Côco

Bahia - Moqueca de Peixe e Camarão

Ceará - Baião de Dois

Maranhão - Arroz de Cuxá

Paraíba - Buchada de Bode

Pernambuco - Bolo de Rolo

Piauí - Maria Isabel

Rio Grande do Norte - Paçoca de Carne Seca

Sergipe - Caranguejo

O destaque dos doces vai para a cocada um doce tradicional em todo o Nordeste!!!

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Homenageamos aqui duas culinaristas nordestinas que nos brindam com suas delicias!!

Dadá

Aldarci dos Santos começou bem cedo e diz que aos cinco anos já frequentava a cozinha. Começou sua carreira como cozinheira doméstica e depois passou a vender marmitas na rua, até decidir abrir seu primeiro restaurante no Alto das Pombas em Salvador, o Tempero da Dadá que ganhou notoriedade e passou a ser frequentado por pessoas do mundo todo!! Há quase 30 anos abriu uma filial no Pelourinho bairro boêmio de Salvador, onde mantém até hoje um dos restaurantes mais famosos da Bahia o Sorriso da Dadá, conhecido pelas moquecas e feijoadas!!!

(https://www.facebook.com/SorrisoDada/photos/?ref=page_internal&mt_nav=0)

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Dadá

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Elibia Portela

Filha de uma "banqueteira" que criou os oito filhos servindo os banquetes de Salvador da época, Elibia aprendeu com a mãe o ofício. Há quase 50 anos ela oferece seus conhecimentos tanto em sala de aula quanto num programa de TV que já está no ar há mais de 35 anos!! Fez sucesso com pãozinho delicia e boliviano (criação sua) mas faz centenas de receitas com mestria.

(https://www.facebook.com/elibiaportela.pagina/)

Cordel e Repente

Elíbio Portela

Literatura de Cordel e Repente

Manifestação cultural do interior do Nordeste, o Cordel se caracteriza por ser uma narração de histórias em forma de poesia, com métrica fixa e rimas. Utiliza a linguagem oral, informal, valendo-se do humor, da ironia e do sarcasmo na narração de suas histórias que abordam assuntos diversos, tais como temas do folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, a realidade social, dentre outros.

Sua forma mais habitual de apresentação são os “folhetos”, pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas, daí se originando seu nome.

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Imagem: Figura de Linguagem

Foi trazido para o Brasil pelos portugueses, em fins do século XVIII. Sua circulação na Europa data do século XII na França, Espanha e Itália, tendo se popularizado com o Renascimento.

São cordelistas famosos: Apolônio Alves dos Santos; Cego Aderaldo; Cuica de Santo Amaro; Guaipuan Vieira; Firmino Teixeira do Amaral; João Ferreira de Lima; João Martins de Athayde; Manoel Monteiro; Leandro Gomes de Barros; José Alves Sobrinho; Homero do Rego Barros; Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva); Téo Azevedo; Gonçalo Ferreira da Silva; João de Cristo Rei

O Cordel é reconhecido como patrimônio imaterial brasileiro, sendo que a Academia de Literatura de Literatura de Cordel tem sede no Rio de Janeiro. Recentemente, a médica pernambucana Paola 

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Imagem: IFMG

Tôrres assumiu a cadeira pertencente a Moraes Moreirra, falecido em abril deste ano.

No site da Academia podem ser encontrados vários cordéis: http://www.ablc.com.br/o-cordel/cordeis-digitalizados/

Dalinha Catunda

No momento, há uma grande discussão sobre a discriminação das mulheres no âmbito do Cordel. No dizer de Daniela Bento, do Coletivo Poetas de Resistência, de Poço Redondo (SE), “enquanto o machismo prevalecer no meio cordelístico e negar a importância dos feminismos, nenhum verso poderá falar de igualdade”.

Assim, trazemos aqui uma mulher cordelista, a cearense Dalinha Catunda que escreve poesia desde que “se entende por gente”, graças à influência da mãe poetisa e de tia Isa, professora e contadora de histórias. Mas foi a saudade de casa, trazida pela mudança para o Rio de Janeiro, que despertou seu interesse pelo cordel. “A saudade era grande e eu queria reviver tudo que eu havia vivido no interior do Ceará em minha pequena Ipueiras. Assim fui criando e revivendo minhas histórias em versos.”

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lembra a poetisa, que já escreveu mais de uma centena de cordéis e, hoje, não só é membro da Academia dos Cordelistas do Crato (ACC), como também da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC).

Dalinha é idealizadora do blog Cordel de Saia, voltado à difusão do trabalho de mulheres cordelistas. Exímia pelejadora, é nesse espaço virtual que Catunda expõe seus cordéis em dupla, no estilo de batalha em diálogos, e rodas de glosa, um tipo de cordel criado em conjunto com outras poetas do gênero, como Bastinha Job, Paola Torres e Creusa Meira.

Imagem: Repente Nordestino

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Outra manifestação cultural, o Repente é uma poesia falada e improvisada, que muitas vezes se faz acompanhar de instrumentos musicais. É uma espécie de desafio em que dois cantadores se alternam nas respostas às provocações poético-musicais um do outro.

A organização dos versos no repente pode assumir formas variadas: na sextilha, o primeiro verso rima com o terceiro e o quinto, enquanto o segundo rima com o quarto e o sexto; já na septilha, o primeiro e o terceiro versos são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e, por sua vez, o quinto verso rima com o sexto. Há ainda as variações conhecidas como martelo, martelo alagoano, o galope beira-mar, etc. Conforme o 

acompanhamento utilizado, temos a embolada, em que se utiliza pandeiro ou ganzá, o aboio, que é realizado com a voz apenas e a cantoria de viola.

A preservação da tradição do Repente encontrou fortes aliados no Festival de Poetas Repentistas e no Congresso de Cantadores, eventos que têm dado oportunidade dos poetas repentistas demonstrarem sua enorme capacidade de improvisar versos, além de lhes proporcionar renda por meio dos cachês pagos pelas participações.

Bule-Bule

Antônio Ribeiro da Conceição, repentista, cordelista, sambador, tiraneiro, forrozeiro, brincante, Mestre Bule-Bule, conhecido como mestre da cultura popular da Bahia, do Nordeste, do Brasil. Nascido em 22 de outubro de 1947,  em Antônio Cardoso, Estado da Bahia, cidade da região sertaneja, integrante do território Portal do Sertão, onde as influências culturais do sertão e do recôncavo baiano se misturam, ampliando as articulações entre as manifestações culturais populares.

Além de discos, DVDs e livros,  Mestre Bule-Bule levou a cultura popular nordestina a outros países, realizando inúmeros shows por todo o Brasil e em outros países, a

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Imagem: Bule-Bule

exemplo de Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Portugal, tendo sua atuação em prol da cultura brasileira sido reconhecida pelo Ministério da Cultura, em 2008, quando foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural – OMC.

Além de discos, DVDs e livros,  Mestre Bule-Bule levou a cultura popular nordestina a outros países, realizando inúmeros shows por todo o Brasil e em outros países, a exemplo de Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Portugal, tendo sua atuação em prol da cultura brasileira sido reconhecida pelo Ministério da Cultura, em 2008, quando foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural – OMC.

Bumba Meu Boi

O Bumba Meu Boi

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Imagem: Toda Matéria

O Bumba meu Boi é uma dança folclórica da cultura brasileira, sobretudo, da região Nordeste que surgiu no século XVIII, a fim de evidenciar a vulnerabilidade do homem e a “força bruta” de um boi. Trata-se de uma das festas folclóricas mais importantes do país. No dia 30 de junho é comemorado o Dia Nacional do Bumba Meu Boi.

Esta dança é resultante da articulação entre as culturas formativas do povo brasileiro – indígena, europeia e africana; conciliando os componentes de teatro (drama, 

comédia, tragédia e sátira), a partir de encenações de peças religiosas originadas na luta entre a Igreja e o paganismo. O costume da dança foi muito estimulado pelos jesuítas, que utilizavam essa expressão com o fim de evangelizar os negros, indígenas e os próprios europeus que chegavam no Brasil.

Esta dança é resultante da articulação entre as culturas formativas do povo brasileiro – indígena, europeia e africana; conciliando os componentes de teatro (drama, comédia, tragédia e sátira), a partir de encenações de peças religiosas originadas na luta entre a Igreja e o paganismo. O costume da dança foi muito estimulado pelos jesuítas, que utilizavam essa expressão com o fim de evangelizar os negros, indígenas e os próprios europeus que chegavam no Brasil.

Aqui traremos dois enredos dessa dança:
“Um fazendeiro rico possui um boi muito bonito, que além disso, sabe dançar. Pai Chico, um trabalhador da fazenda, rouba o boi para satisfazer sua mulher Catarina, que está grávida e sente uma forte vontade de comer a língua do boi. O fazendeiro manda seus empregados procurarem o boi e quando o encontra, ele está doente. Os
pajés curam a doença do boi e descobrem a real intenção de Pai Chico, o fazendeiro o perdoa e celebra a saúde do boi com uma grande festividade”.

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Imagem: IPHAN

“Mãe Catirina e Pai Francisco são um casal de negros trabalhadores de uma fazenda. Quando Mãe Catirina fica grávida, ela tem desejo de comer a língua de um boi. Empenhado em satisfazer a vontade de Catirina, Chico mata um dos bois do rebanho, que, no entanto, era um dos preferidos do fazendeiro. Ao notar a falta do boi, o
fazendeiro pede para que todos os empregados saiam em busca dele. Eles encontram o boi quase morto, mas com a ajuda de um curandeiro, ele se recupera. ”

Dessa maneira, os enredos associadam o conceito de milagre do catolicismo ao trazer e volta o animal, assim como, mostra a presença de elementos indígenas e africanos, tal como a cura pelo pajé ou curandeiro e a ressurreição.

A festa do Bumba Meu Boi é celebrada para comemorar esse milagre.

Importante destacar que após décadas de protagonismo masculino, as mulheres têm participado ativamente, ocupando um lugar de grande importância no Bumba Meu Boi Maranhense, a exemplos de Maria José Soares - atual presidente do Grupo Boi de Maracanã, Leila Naiva presidente do Boi de Axixá, Dona Nadir Cruz, que assumiu a presidência do Boi da Floresta em 2015.

Segundo Marla Silveira, Mestre em Cultura, que tem se debruçado sobre a liderança feminina nos grupos, “Recentemente, o protagonismo feminino se tornou mais evidente porque passaram também a comandar grupos que eram tradicionalmente comandados por homens, pelos mestres. São grupos com maior tempo de história e
muito relevantes”

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Imagem: Maranhão Hoje

Homenageamos aqui, Dona Nadir Cruz que assumiu a presidência do Boi da Floresta em 2015 e segue no cargo. Antes disso, ainda nos anos 80, assumiu como secretária do boi, cargo que gerou reboliço.
“A diretoria era toda masculina e aí chegou um dia, uma reunião lá no barracão e me chamaram para eu participar. Me perguntaram se eu queria ser a secretária do boi. Eu quero, o que a secretária faz? Tudo que você já está fazendo. E eu fiquei com o cargo”, disse. Isso causou um certo rebuliço porque, como o Boi era comandado por homens, as únicas mulheres que acompanhavam eram as mutucas - papel de auxiliares dos brincantes homens”

Samba de Roda

Samba de Roda

“Minha sereia é rainha do mar
Minha sereia é rainha do mar
O canto dela faz admirar
O canto dela faz admirar
Minha sereia é a moça bonita
Minha sereia é a moça bonita
Nas ondas do mar aonde ela habita
Nas ondas do mar aonde ela habita
Ai, tem dó de ver o meu penar
Ai, tem dó de ver o meu penar”
*Música Rainha do Mar, Composição: Dorival Caymmi.

A expressão cultural homenageada hoje é o Samba de Roda! Trata-se de uma manifestação que evolve música, dança, poética e festividades, surgida na Bahia

especialmente no Recôncavo, no século XVII, embora seus primeiros registros datem de 1860. É representado por uma reunião, fixada no calendário festivo tradicional, ou não - simplesmente pela diversão, de um grupo ou grupos de pessoas para a performance de um repertório de música e dança.

Trata-se de uma variante do samba com raízes africanas relacionado à roda de capoeira, e aos orixás, mas inclui também algumas características musicais de origem 

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Imagem: Projeto Rodar

portuguesa, a exemplo, a utilização de alguns instrumentos, como a viola, assim como, as letras das músicas, que são cantadas em português.

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Imagem: IPAC

O samba de Roda se caracteriza pela disposição dos participantes em círculo ou formato aproximado, donde o nome samba de roda e a presença possível de instrumentos musicais membranofones, o pandeiro; idiofones, o prato-e-faca; e cordofones, a viola. Os músicos ficam juntos fazendo parte do círculo. Os presentes participam do acompanhamento musical com palmas, segundo certos padrões. Chamamos atenção ainda, para uma das principais características do samba de roda: Normalmente, são as mulheres que dançam na 

roda enquanto os homens batem palma, cantam e tocam os instrumentos. Tendo como variantes o samba chula,
samba corrido e a umbigada. Inclusive estudos apontam que o samba carioca foi inspirado no samba de roda da Bahia.

Esse tipo de samba brasileiro deriva-se de um estilo musical africano, o semba, que foi trazido para o Brasil com a chegada dos povos escravizados angolanos, especificamente no Recôncavo baiano, visto que essa região foi o cenário da chegada destes povos. Nesta região, é celebrado um dos maiores festivais e samba de roda do país: Festival de Samba de Roda do Recôncavo, que acontece na cidade de Cachoeira; também conhecido pelo FéSamba, o Festival de Samba de Roda de Cachoeira consiste na apresentação de diversos grupos de samba de roda, onde nos é oportunizado o contato com a amplitude do universo do samba de roda.

Importante destacar o reconhecimento do samba de roda:
* Em 2003, o samba de roda foi incluso no Livro de Registro as Formas de Expressão.
* 2005, a manifestação cultural, passou a ser Patrimônio Imaterial da Humanidade, tendo sido considerado Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco.
* Assim como, em 2013, recebeu a titulação de Patrimônio Cultural do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

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Imagem: Projeto Rodar

Nossa homenagem do Samba de Roda vai para o Grupo Ganhadeiras de Itapoã.

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Imagem: Correio

Grupo cultural que remonta à época em que o bairro de Itapoã, era uma mera vila de pescadores e que se tornou um verdadeiro símbolo da região, ao lado dos ícones Dorival Caymmi e Vinicius de Moraes. O grupo nasceu “a partir de encontros musicais realizados entre moradores, empenhados no resgate de tradições do passado e pela preservação da memória cultural do bairro de itapuã” .

O termo “ganhadeiras” advém dos grupos mulheres negras – escravizadas ou libertas – que circulavam pelas ruas da cidade ofertando doces, quitutes, frutas, dentre outros produtos e 

serviços. Enquanto escravizadas, as ganhadeiras conseguiam autorização dos seus senhores para comercializar seus produtos e eram obrigadas a lhes dar uma parte do que vendiam, utilizando o que lhes restava, para gastos no dia a dia ou para comprar a liberdade. As ganhadeiras libertas, lutavam pela sobrevivência de suas famílias e eram mestres em comercializar, estabelecendo-se como importante classe trabalhadora nos centros urbanos.

Desde sua formação em 2004, o grupo As Ganhadeiras de Itapoã, vem sendo reconhecido por diferentes setores da cultura brasileira, como a seguir: 

* Prêmio Culturas Populares – Mestre Duda 100 Anos de Frevo, concedido pelo Ministério da Cultura, a
* Na 26ª edição do Prêmio da Música Popular Brasileira na categoria Melhor Grupo e Melhor Álbum Regional em cerimônia realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

* No carnaval do Rio de Janeiro em 2020, o grupo foi homenageado pela escola de samba, Viradouro, campeã deste ano.

Ouça a canção Festa, com participação de Maragareth Menezes:

https://soundcloud.com/coaxodosapo/festa-na-aldeia
  
Visite o site oficial do grupo para saber mais e adquira o disco As Ganhadeiras de Itapuã:

http://ganhadeirasdeitapua.blogspot.com.br/

 

Link: https://www.letras.mus.br/as-ganhadeiras-de-itapua/conto-de-areia/

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